Meia onda, meia areia...
Se a cada letra que cá deixo,
É um grão que se torna areia,
Rente a praia, vida, de noite, lua cheia,
Seria para as ondas que me queixo?
Desatinadas, vão e tornam, num baloiço
Me beijam, me molham e oiço
O ventar da saudade que se dá,
Por sobre as ondas que tornam ao mar.
A merce do teu desejo, ondas displicentes
Cá fico, pois tornam, instigadas pela saudade
Sempre tornam, correndo, gritando, maldade!
Dizendo aquilo que olvido, já não sentes.
Não me enganam as ondas, mas molham,
Em lágrimas, o ser sobeja a alma,
E vivo o crespúsculo, se amarram, soltam
Molham a falta, desencanta e me falta a calma.
Assi vão, mas voltam, brincam, beijam.
Lá se vai mais uma noite, a lua cheia
Assiste, contempla e grita: Vejam!
És meia, meia onda, meia areia,
Sempre meia, nunca inteira.