Perdoa-me
Eu bem queria escrever-te
Uns, ainda que poucos
Versos singelos, amantes.
Mas talvez, me ame pouco
Ou por ti tenho amor demais
Que os versos parecem soltos
Mas apenas a dor é que se faz.
Assi, empedernido sem causa,
Não dou-te versos como flores,
Nem canto aos muitos, gracejos,
Os mesmos que por ti tenho.
Dou-me como ferido acanhado,
Esperando pena á ser cuidado,
Ainda que não me seja o desejo.
Dou-te apenas o que tenho,
Pois sei que por tanto não sou.
Apenas o peito que abre o pote
Da desesperança, cheia, passada,
Curtido a vida, má sorte,
A alma degusta, dissabor,
Itenso gosto, de mofo e solidão.