Saudade
Leio-te entre os versos,
De folhas embranquecidas
D'onde tinge a saudade tinta solúvel
Que logo ao perpassar,
Há de se apagar...
E novamente as folhas do sorrir
Hão de mim caiar...
Escrevo-te, logo ou antes
De ler-te, talvez apenas eu
Num desejo inquieto é que pinto,
Suscito versos que não são teus,
Assim como o amor que não me deste,
E descanso, na clausura dum falar sonhado,
Mas ainda acordado, nada vejo escrever...
Desejo-te e por tanto, te tenho,
Em poucos instantes, lampejo,
D'onde em amor me enlaço as palavras,
E logo traz-me o teu cheiro,
Pelas folhas embranquecidas,
Debruço-me em lágrimas,
Pois de nada presta o desejar,
Findou-se os teus olhos,
Logo que o poema não se escreveu...