Porto
Traz-me o tempo,
As lembranças de outrora,
Onde eu era porto,
E tu fugida das tormentas
Cá descansava em meu peito.
Atracavas em mim, amarrada,
Despojava de ti os naúfragios,
E teus beijos, tesouros,
A mim se davam...
Logo o teu corpo cansado,
Dado as ondas, que lhe afrontava,
Carecia dos meus cuidado.
Dedilhava meus dedos por cada canto,
E como por encanto,
tudo parecia se curar...
Traz-me o tempo, a lembrança,
Que agora sou porto avelhentado,
Cheio da poeira desgosto, abandonado...
Repleto do mal cheiro do passado,
Sonhando que se torne vida, momento.
O sol da solidão, intenso,
Estraga, resseca...
Caminha as ondas até os cantos,
E peço eu que tragam as novas,
Dizendo que ao longe vens,
Mas tornam ao mar, aos prantos
E cá, tu não tornas...