Porto

Traz-me o tempo,

As lembranças de outrora,

Onde eu era porto,

E tu fugida das tormentas

Cá descansava em meu peito.

Atracavas em mim, amarrada,

Despojava de ti os naúfragios,

E teus beijos, tesouros,

A mim se davam...

Logo o teu corpo cansado,

Dado as ondas, que lhe afrontava,

Carecia dos meus cuidado.

Dedilhava meus dedos por cada canto,

E como por encanto,

tudo parecia se curar...

Traz-me o tempo, a lembrança,

Que agora sou porto avelhentado,

Cheio da poeira desgosto, abandonado...

Repleto do mal cheiro do passado,

Sonhando que se torne vida, momento.

O sol da solidão, intenso,

Estraga, resseca...

Caminha as ondas até os cantos,

E peço eu que tragam as novas,

Dizendo que ao longe vens,

Mas tornam ao mar, aos prantos

E cá, tu não tornas...

Junior Antonio
Enviado por Junior Antonio em 06/02/2009
Reeditado em 07/02/2009
Código do texto: T1425780