É BOM SER APENAS VOCÊ?

Tudo ele fazia errado

Desde que nascera!

Era por todos, criticado

Para isto, bastava-lhe abrir a boca...

Ao fim das jornadas diárias

Caia à cama, desamparado,

Aos cântaros de prantos

Perguntando-se ao íntimo

Se uma mesma pessoa poderia

Ser tão, mas tão equivocada

E nunca mesmo agradar

Nas menores atitudes da vida...

Um dia, acordou resolvido e partiu,

Tirando a decisão do nada!

Afinal, daquele local,

O que mesmo lhe importava?

Queria isolar-se, esquecer-se

Afundar-se solitário em sua mágoa...

Foi morar numa terra muito distante

Dos arredores de onde nascera

Onde ninguém o conhecia dantes...

Lá, vivia, fazia e falava exatamente

As mesmíssimas coisas de sempre...

E as pessoas de lá,

Por mais incompreensível

Que possa isso parecer,

Dele muito gostavam!

Achavam-no experiente, sábio

Chegavam até a idolatrá-lo...

Iam muitos, ao mesmo tempo, visitá-lo

Para ouvir seus conselhos sensatos!

E a partir de então ele entendeu

Que não seria local, nem gente,

Que o fariam melhor ou pior...

Passou a encarar a vida

Sempre do mesmo jeito...

Sabendo, dentre dele,

Que era idiota ou sábio,

Desprezado ou idolatrado

E nada disso dependia dele...

Seguiu dali seu rumo em paz,

Por qualquer lugar que quisesse,

Contente, por fim,

Em precisar ser apenas Ele...