[Uma Existência para Viver-te]
... E assim foi que aquele nosso chão fértil,
antes florido, semeado de doces esperanças,
aos poucos, virou a fria campa dos desejos,
e os nossos passos seguiram caminhos diversos...
Agora, a perda, a distância, a estúrdia negação de tudo,
e a dura viagem à lunar região do não-ser do Amor.
no entanto, que esse limbo de nós dois
não seja um espanto: como ensina a Filosofia,
"o mundo não revela seus não-seres
a quem não os colocou previamente
como possibilidades".
E ao descobrir-te em meu mundo,
metade antes perdida de mim,
jamais pudera eu sonhar a possibilidade
desse limbo... Jamais!
Queria ter outra existência para eu viver-te,
para eu habitar-te sempre, sem tempo de partir,
para, enfim, sermos plenamente como convém
aqueles que foram marcados um para o outro!
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[Penas do Desterro, 02 de fevereiro de 2009]