Faíscas do uni(di)verso
Irei sair, em silêncio, por aquela porta.
Quando voltares, não mais me verás;
E quando sentires por mim,
Doutro lado,
Sentirei por ti.
Se reclamares a minha ausência,
Saberás que se parti
Não foi do seu peito;
Foi da casualidade mútua
(Que um dia nos uniu).
Sabe; agora, atento ao passado –
Como sendo eu mesmo -,
Recordo-lho (me) dos fundamentos
De nossas leis sem alíneas
E vejo que –
Além de ver –
Um projeto em sobressalto
Jamais foi explanado -
E não deveria -
Nesse derradeiro silêncio,
Que o acaso – destino – um dia nos convergiu...
Foi por esse mesmo destino (nunca planejado)
Que um dia explodimos:
Somos, agora, faíscas no universo.
Uma vez unidas, é certo,
Todavia tardiamente.
Agora, enfim, separadas.
Resta-me ir,
Ainda que viva um átomo que seja
Da nossa confluência,
Resta-me, por fim - e para o fim -
Ir.