O INVERNO
O INVERNO
No árido solo nordestino sementes são inseridas. Transformando o destino ditoso em vidas enternecidas. Sertão de seca inclemente, de sol bravo e abrasador. De vegetação resistente e renitente, onde o sertanejo supere a vida e a dor. A esperança é a última que morre, diz o dito popular, mas a fé nunca faltará. A espera é uma ansiedade enorme, a felicidade não será um deus-dará. Pela fausta escotilha dos sonhos a esperança dorida declinará a água vertendo dos céus risonhos, onde o inverno benfazejo reinará. A mente a imagem do lindo inverno europeu, desaparecendo o fulgor do deserto africano, o mar azul do nordeste floresce e renasce. O verde das matas transforma o insano no cotidiano.
A orquestra das aves em áureas revoadas, a gratidão brilha eterna cheia de esplendor nas horas sem consolo, alçadas e reclamadas são eternos prantos esquecidos sem destemor. O inverno traz alegria e fenece a dor a luz da vida, onde o bem vencerá, haverá momentos de alegrias, silêncio e preces altaneiras e renovadoras, de ingredientes de paz, de dulcificação de mãos misericordiosas, nos caminhos da libertação das masmorras. Nas esperanças divinas onde se instalarão vidas fortalecedoras e benfeitoras de uma paz imorredoura. O sertanejo audaz verá a força do trabalho se transformar em passe de mágica, numa colheita esnobadora é a fome que se esvaia e a alegria que não desdita, que a triste partida seja eterna alegria, que o inverno seja uma rotina na esperança que irradia.
Que a água bendita dos céus não vire escarcéu seja eterna, benfazeja, aniquilando a fome, a miséria e a pobreza, o sofrimento e a dor, que sacie a fome e mate a sede e seja grande laurel. O inverno seja onipresente para acabar a indústria da seca, que a fartura seja a ternura e não ócio que fulmina e nos enche de dor e rancor. Que as crianças tenham alimentos em profusão e não dependam da corrupção, do crime, das drogas, da prática do sexo horrendo, seja a espera dos que vem morrendo sem esperança, sem escolas e na rua, não sejam charruas malditas, sejamos alegres e persistentes, pedindo a Deus a água do inverno sempre, que sustenta tanta gente, proporcionado à volta dos emigrantes sendo a festa oferenda divina para os parentes e aderentes. Deus pai de todos e dos inocentes não deixe que o inverno almejado e abençoado nunca abandone a gente.
ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E ALOMERCE