Amor Rompido - Estrelas, fada, flor e beija-flor
Queria poder olhar para o céu e enchergar as estrelas...
Já me falaram delas, uma, duas, três, várias vezes.
Nunca as vi.
Só vi uma,
há muito tempo,
e fiz um pedido,
um segredo...
Realisou-se.
Nem acredito.
Mas como flores que desabroxam com o frio,
a cálida dor da perda preencheu-me.
Aí disseram-me:
"Tudo passa"
Sim... Passa.
Aínda outra vez, um sábio mago de olhos remendados pelo tempo, fitou-me sem demora,
e percebendo minha agonia,
susurrou-me em som de caixinha de música:
"O amor nos engrandece de tal forma, que é impossível voltar a se ter o tamanho original".
É verdade.
Sei disso, porque amei... há muito tempo, eu amei...
Amei e nunca soube amar.
A fada da noite,
mergulhada em seus sonhos de penumbra,
cegou-se sem a presença do amado, o beija-flor.
E ele, em busca de seu destino sintilante,
negou sua própria dor,
oh dor do beija-flor.
Seu coração era negro como espinho envenenado,
seu amor era logístico, calmo e calculado.
Ele nunca pôde entender a dor da fada,
tão emaranhada.
Ela nunca pôde entender a dor do beija-flor,
tão contida era.
Assim, os ventos mudaram-se,
separando-os eternamente.
Nem mais fada, nem mais flor ou beija-flor.
O pedido para a estrela, então, fora perdido.
Nenhuma estrela está no céu.
Nenhuma.
Meus olhos já não podem vê-las.
Eles nunca as viram.