A ira da natureza


Por tanto que o bicho homem
Extraiu da natureza,
Chega um momento em que ela,
Se revolta e grita, chega!
Num grito desesperado,
Ela clama, esbraveja,
Explode e sem piedade,
O que encontrar pela frente;
Cobra um preço muito alto
Até mesmo do inocente.
Ela nos dá o sustento,
Ensina-nos a cultivar,
Mas a tal ignorância
Do homem que não se cansa
De achar que pode tudo,
Simplesmente não escuta
Aos que por ela ainda lutam,
Pra tentar sobreviver.
E revoltada ela chora,
Desespera-se, implora
Pra que lhe deixem viver!

E ela é que vai à luta,
Não importa em quem doer.
Choram os céus, lágrimas pesadas
Transformam-se em enxurradas,
E faz a terra gemer.
O sol, por vezes escaldante,
Vai derretendo as geleiras
E com isso o solo fértil,
Montanhas, mares e rios,
Seguem juntos destruindo
O que eram sustentáculos.
Despertando tardiamente
A consciência do homem,
Provocando morte e luto,
No salve-se quem puder;
A ira da natureza pode tardar,
Mas não falha
E de batalha em batalha,
Declara guerra por fim.
Pois quem dela tirou tanto
Não pode se lamentar;
Ela é quem nos fortalece
Sem nada pedir em troca,
Castigando-nos, entristece,
Por saber que quem padece
É quem não pode pagar.

Brasília, DF
Registrado na Biblioteca Nacional