DEPOIS DO TEMPO...

Depois do tempo, sei que me perdi de mim...

Depois das horas, que me pareciam eternidade,

-traiçoeiras!

que comigo saltavam ágeis nos jogos de "amarelinha"...

cujos traçados até hoje eu os busco nas calçadas,

porque lá existia um céu;

Depois das cirandas que comigo rodavam pelos pátios,

Qual um relógio a marcar o que não mais me voltaria;

Depois das gargalhadas da criança

que às vezes ainda ousa rondar os meus sonhos...

Eu sonho...que me perdi de mim.

Depois de cada primavera

A exalar o perfume de sua última flor;

Depois de cada remanso de outono a fechar o verão,

Rumo a mais um inverno de silêncio frio...

Depois de cada pôr-de- sol

A selar mais um dia que também se perdeu no tempo...

Depois de cada abraço dos efêmeros (falsos?) paraisos,

Depois do tudo que foi dito e redito sem palavras,

Depois de tentar...sempre! e sempre mais uma vez...

Eu sei que me perdi de mim.

Depois de cada saudade que já nem sei sentir!

Depois de cada amor coroado com desamor,

Depois de cada atalho a procura do mesmo tempo...

Eu sei que me perdi...

Depois desse tempo

Eu nunca mais voltei a mim.

Apenas a saudade é quem tem meus caminhos

É ela quem sempre me acha.