Eu
Queria poder alcançar o que está subscrito em minha alma, encontrar quem sabe o motivo pelo qual este sentimento insiste em manter implícita a sua razão, tirando de mim a possibilidade de controlá-lo e me entender. Mas a verdade, minha única verdade é que não me conheço, não me encontro em nada nem ninguém.
É como se o meu ser fosse um livro do qual a vida foi arrancando página á página até não restar um só capítulo. E talvez essa seja a causa de meus sentimentos e reações serem camuflados diante do mundo real, o simples fato de que me encontro vazia de respostas ou saberes, se é que já o fui cheia! e que me imputa como única opção forjar uma personalidade que não se assemelha á quem eu sou, ou á quem eu costumava ser.
Quando paro pra pensar nesse assunto, vejo que as palavras do poeta me caem como pluma: "quando me sinto é com saudades de mim". Mas já não posso voltar no tempo.
O que me resta é usar as páginas que sobraram, ainda em branco, para tentar escrever-me ou mesmo me reinventar, na esperança que, um dia, alguém me veja como sou e sinta o desejo de me ler até o último capítulo.