EVOCAÇÃO
Pés nus sobre a areia. Areia branca, muito branca, branquíssima. O mar azul, incomensurável. Ao fundo, a ilha. Na extremidade do horizonte, o barco. Nuvens de aparência diáfana, ao longo e ao largo de todo o céu. O sol, já no adormecer da tarde. Os pés adentrando a água transparente, docemente fria. A solidão benfazeja. Os pensamentos estrangeiros, exilados da paisagem. Apenas o corpo na água, os pés sobre a areia molhada a acolher as sensações. Por um instante, o corpo se volta para a terra, responde ao aceno desconhecido. Logo em seguida volta a mergulhar no amor com o mar, corpo a flutuar inteiro dentro e fora a sós com o mar, um só com o mar, no amor completo, indizível. Água, apenas, em todos os espaços de fora e de dentro do corpo do ser.
28 de janeiro de 2007.