...Dispenso

A beleza era eterna em cada suspiro.

Só por estar viva era a maior dádiva já dada.

Aquelas formas,

simplesmente complexas,

desvendavam a verdade por trás da casca de carne.

Pálida, era sua pele de acizentado tom.

Sempre frio,

sempre gélido;

e um beijo em neve pousou à minha fronte.

O aconchego constante, a dor oblíqua.

Os olhos,

sempre pesados,

carregando consigo uma expreção de:

despreso, força e admiração.

Todas juntas.

Olhos de vidro, mas um não transparente.

Os pensamentos dele,

ninguém pôde enchergar.

E eu o amava,

irrevogavelmente o amava.

A cada instante e segundo,

sempre o amei.

Mas sim,

um dia há já algum tempo,

ele também havia me amado,

e desejava constantemente,

um dia maior só para relembrar o meu cheiro,

o meu toque,

o meu beijo.

Perdeu,

ele perdeu o corpo e a alma para mim.

Seu tempo, marcado pela minha respiração,

perdido no meu olhar.

E assim,

encontrara o que tanto procurava,

intorpecido por seu amor,

por meu amor.

Depois...

Ridículo,

ridículo ele foi.

Agora,

eu me livrei.

Dispenso.