Pedro, o amigo de "A menina do livro"
O ideal da simplicidade da vida é aquela impressão do cheiro de terra molhada após um longo tempo de estio; gente caminhando pelo chão deixando pegadas como a desenhar seus pés em calçadas de lida. As mãos dançando ao longo do corpo, fazendo festa do cheiro da terra fresca.
As imagens naturais tão transfiguradas no ciclo da vida como num seio de mãe que embala o filho ao colo! Com maior ou menor subjetividade a alma de Pedro entretinha-se em pensamentos... Em suas manifestações corriqueiras de seu diálogo interior...
O cérebro fervilhando de ardente desejo de seguir outra estrada, de participar dos acontecimentos do tempo, muito embora seu espírito estivesse ali naquele chão, de seus pais, de seus avôs e de suas eternas namoradas... Ah! A primeira namorada... Isabel! Suave como mel... Sempre brincava com ela assim... Cheiro de capim em suas narinas... Fora lá que a beijara pela primeira vez. Corpos inocentes pelo grama seca ao sol da tarde... Roubara um beijo daqueles lábios carnudos e tentadores... Amores de adolescentes...
Divisar uma linha entre o imaginário e o real... Abstrair-se das cores locais de seus dias desde que ouvira pela primeira vez as palavras: “Meu filho amado!”. Transformar em um paraíso o desejo de seus pensamentos... “Vem, vida de meus sonhos, brindar-me com um beijo!”. Difíceis eram suas demonstrações de uso do que sentia... Do que em ondas lhe vinham em palavras... Palavras de amor, de saudades sem partir ainda... Da que supunha sentirem os parentes amados... Oh, mãe! Não chores a lágrima ainda não sofrida... Deixa-me ir mesmo como a flor em uma fonte...
Esse pulsar em suas veias, como som de poesia, como se a vida estivesse sempre a lhe dizer: “Avante!”, atingia-o em cheio todas as vezes que ouvia um canto saudoso de rouxinol ao longo do dia; quando o vento batia em sua porta e dizia que mais um dia se fora: “Não tarda a anoitecer!”. Uma realidade mostrava-se viva em seu peito de uma forma simples, no entanto, por demais introspectiva, mesclando em correntes sua alma entre os tons simples conhecidos e os sonhados... Lá em outro mundo!
E viu que a vida pode ser uma problemática... Envolvido em contradições do que sentia, buscou refúgio no sabor do dia ao lado de seu livro... Conhecia a menina*... e dela era amigo!
*A menina do livro.
... Um dia, num Recanto a menina viu um filósofo*... Pondo ordem em seus pensamentos! Havia uma porta... A opção de comentários... E uma fada* muito amiga dele; ela foi convidada a saborear uma Coca-cola... Na sala, em meio a livros, ficaram a prosear (...).
*Ao pensador do Recanto das Letras- Daumon!
*A fada vem a seguir...
flordecaju
Piracuruca, 21/01/2009