Brancura

Entre o ontem e o hoje,

um lapso no tempo;

contratempo de tudo,

necessidade de arrumação.

Jeito de acomodado,

carência de ficar mudo.

Entre aquele dia que foi

e o que está aqui,

a aparência de branco,

a ausência de cor,

uma infinita tristeza

parecendo um que de dor.

Entre o passado e o agora,

varreram-se as sujeiras;

besteiras que eram guardadas

todas à sete chaves,

usadas demais, talves

e que viraram entraves.

Engraçado é que o tapete

daquela nossa sala,

ainda guarda quase tudo;

dos nossos passos,

um pouco de poeira.

Besteira lembrar então.

Canção finda, é muda

e o branco e o silêncio

é só o que nos ajuda.

E naquela falta de ânsia,

corre solto o lápis;

lapso que virou poema,

tentando esplicar, escrever,

descrever sentimentos.

Uma tolice tão doida,

doendo a cada linha,

querendo dizer tudo

e finalmente, calando;

achando que melhor mesmo,

é nessa brancura, ser mudo !