TODO AMOR É SUBLIME
 
18-01-09
 
Alfredo se despede de Gardênia.
 
 
O amor não tem nada a ver com a ordem social. É uma experiência espiritual mais elevada do que aquela do matrimônio socialmente organizado. O amor também é a única paixão que não admite, nem passado e nem futuro.
Por isso, o que eu vou te escrever hoje é um assunto muito íntimo nosso, portanto somente a ti e a mim diz respeito, por isso, esse assunto ficará sepultado apenas em nossas fugidias lembranças.
Eu quero que tu saibas também, pois apenas Deus sabe do meu padecimento, em ter que escrever esse tipo de despedida de forma tão dolorosa.
É difícil, mas hoje tentarei me despedir de ti emocionalmente, pois já se passaram meses que tu não freqüentas mais o meu leito, e nem eu a tua doce e inesquecível alcova.
Confesso que tu ficaste impregnada em mim de uma forma incoercível, pois o teu afastamento, eu ainda não consegui assimilar totalmente.
Na verdade, eu não sei se isso é realmente efeito do amor que ainda sinto por ti ou, é um efeito do sentimento de rejeição por te sido preterido por outro, e tu bem sabes a quem eu quero me referir.
Infelizmente eu tenho que acreditar na primeira hipótese, pois alheio à minha vontade, tu ainda possuis a minha alma que vive cheia de lembranças tuas.
Eu acho também que tu deves te sentir muito orgulhosa, assim eu penso, por seres amada assim de uma forma desmesurada e sincera.
A atitude que tomaste, seja qual for o motivo que te moveu, nada, nada mesmo justifica ou substitui esse amor que te devoto, a não ser que seja um amor igual ou maior do que o meu – o que eu não acredito que seja esse o motivo da tua incompreensível atitude.
Eu já te disse um dia que quero te esquecer, vou te dizer de novo, mas eu sei que não está sendo muito fácil, porque também devo te confessar que também não será fácil achar alguém que te substitua, ou melhor, que eu ame esse alguém assim como eu te amei.
Eu tenho a certeza que tu nunca foste amada assim como eu te amei, também não sei se te amei da forma correta ou como tu desejavas ser amada, assim como eu também não sei se tu merecias de verdade todo esse meu amor.
Mergulhei fundo demais nesse amor por ti, esse foi o meu pecado, em se tratando de amor é perdoável, agora confesso para que tu fiques mais orgulhosa ainda, pois tu foste uma mulher única, amada, desejada e que me deixou seqüelas de amor que até hoje me desequilibram.
Isso é um desabafo, porque ainda te amo muito, entretanto fico a mercê do tempo, para que ele se encarregue e apague as lembranças que tenho de ti, e apague os vestígios de amor que deixaste em mim.
Eu sei que não existem mais as sonhadas esperanças para mim, mas eu quero que tu saibas que, além de te amar, eu me sinto orgulhoso e realizado por ter tido a capacidade de te amar tanto.
Como foi bom te amar e, por ter sido assim, eu quero que tu sejas amada assim como eu te amei.
Eu não sei qual foi o motivo que te levou a essa atitude inesperada, na verdade, eu nem quero saber mesmo, pois tenho a certeza de que não foste levada pelo amor.
Assim como também eu não quero saber se realmente me amaste, porque tudo foi muito bom e até causou inveja em algumas pessoas, aquelas mal amadas que invejavam o amor que se atracou em nós.
Também eu não quero acreditar que foste apenas movida por um desejo de aventura ou de sexo, entretanto, o lapso de tempo em que comungamos esse amor, eu confesso que foi maior do que aquele que a princípio imaginávamos.
O fato é que esse sentimento foi plenamente vívido e vivido, e eu acreditei no teu amor, por isso não aceito a possibilidade de ter sido uma aventura, acredito sim, ter sido uma inesquecível e doce ventura.
Se eu pudesse e se tu quisesses, eu te transformaria na mulher mais feliz desse mundo, se um dia vieres a ser contida na estrada do meu destino.
Não te digo adeus, não cometerei esse erro, pois do futuro nada sabemos, entretanto dele tudo esperamos.
Com essa despedida chorosa e triste, entre soluços reprimidos e o indizível amargor da saudade, Alfredo promete se calar para sempre ante a partida misteriosa de Gardênia.
 
 
 

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 19/01/2009
Reeditado em 19/01/2009
Código do texto: T1393492