[Em Torno de Mim]

[Que terra, que país...]

Em torno de mim, sempre haverá espaço-tempo

para este mundo gritar e crescer, encher o meu visor —

este mundo em que eu existo

só pode crescer em torno de mim — nada mais óbvio —

não é o teu mundo nem o dele, é o meu!

Eu, entre muros de pedras caiadas de branco,

estou neste mundo, mas este mundo que entra-me

olhos adentro, narinas a dentro, boca adentro,

nunca, nunca poderá estar em mim —

este é um fato meramente corriqueiro!

Estranhamente, não há cães nas ruas deste mundo:

olho em volta e vejo que esta é uma terra sem cães;

mas, nas ruas há vermes crescendo na podridão,

há políticos, juízes, cafetinas e prostitutas;

há pregadores vendendo paraísos implausíveis,

larápios considerados mortos voltando à ativa -,

gente que desce alegremente os círculos do inferno!

Que ironia! Como viver numa terra como esta,

em que os cães [e até os abutres] desertaram?

Ah, que falta fazem os cães a este mundo!

E para o meu espanto, o desalento dos meus braços,

este mundo cresce todos os dias, sem parar, sem parar,

diante dos meus olhos cansados, muito cansados...

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[Penas do Desterro, 19 de janeiro de 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 19/01/2009
Reeditado em 09/07/2012
Código do texto: T1393310
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