É no mínimo surpreendente ver quem vive a citar a Bíblia, dizer-se amigo de Nietzsche, pensador avesso ao Cristianismo ao qual atribui tom de atitude ressentida e “religião em decadência” e que, em sua (para alguns) incômoda clareza, insistia em denunciar as máscaras que disfarçam realidades inquietantes. 

Quem o conhece minimamente emprega muita cautela para navegar em águas comprometidas pela insanidade com que foi acometido e que transpareceu em seus últimos escritos.


Quanto à Hugh Prather, e falando em luz, dele empresto a idéia de que não há mal algum no medo da escuridão. Problema de fato é pensar que não somos dignos do esforço em encontrá-la.

E que saber responder ao presente é tudo o que existe para aprender.
Nessa esteira ouso acrescentar: ainda que doa, impõe-se não fugir dos faróis, nem optar pela escuridão. Esta não permite ver o que se tem medo de enfrentar.

Prefiro dar graças aos faróis que encontro em meu caminhar, capazes de clarear minhas mazelas. Mas são raros. Na procura, confundo com meros vaga-lumes que desaparecem quando se fartam com suas presas ou temem delas a luz.

Não há julgamentos, há procura. Não há procura pelo que simplesmente é dito. Há procura pelo sentido de dizer ou não dizer. Não saber explicar o sentido das próprias palavras é esvaziá-las, além de lançar dúvidas sobre sua sinceridade.


Regozijo-me em perceber que em cada manifestação fui fiel a mim mesma, quando deixei claro que jamais envolvi pessoas mas sim a incompreensão ou incoerência em torno de certas afirmações.


Quem afirma que Soren Kiekegaard só pode ter vindo ao mundo com a tarefa de criar dificuldades em todos os lugares revela total desconhecimento de sua obra e valia na filosofia existencialista.


Do pouco que sei, talvez seja oportuno salientar a descoberta de que a solidão e o distanciamente mundano são requisitos para alcançar a transcendência e o auto conhecimento. Talvez seja esse o sentido de uma de suas máximas, segundo a qual “Ousar é perder o equilíbrio momentaneamente. Não ousar é perder-se”..., afastar-se da oportunidade de sentir, crescer, mudar, viver, aprender.

É ele também que desvenda: “A maioria dos homens persegue o prazer com tanta impetuosidade que passa por ele sem vê-lo”.

De Ralph Waldo Emerson, lembro que é “fácil viver no mundo conforme a opinião das pessoas. É fácil, na solidão, viver do jeito que se quer. Mas o grande homem é aquele que, no meio da multidão, mantém com perfeita doçura a independência da solidão.”


Sinceridade! É tudo o que eu busquei. Pois esta é a única maneira não datada de escrever porquanto ações e escritos são reflexos do ser interior.

 
Como Emerson e com um pedido de desculpas pela ousadia de citá-lo, prefiro os que dizem não resolutamente aos que dizem sim vacilantemente.

 
Vejo aos que considero amigos, tal como as obras de arte, dignos do favorecimento da luz.

 
Embora corra risco de que a usem apenas para me acertar melhor com seus socos.


Ilustração: montagem obtida a partir de tubes recebidos em grupos de troca.

reginaLU
Enviado por reginaLU em 19/01/2009
Reeditado em 20/01/2009
Código do texto: T1392879
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