FILHA DE MARIA

Lá, longe daqui,

Em minha querida Rio Pardo

Eu fazia versos

E Eu mesmo cantava!

À tardinha, quando o sol entrava,

Eu abria o peito, e os vizinhos,

Com minhas canções, Eu atormentava!

Alguns deles, que de mim não gostavam,

Muitas vezes pedras me jogavam

Para que parasse, pois Eles, insensíveis,

O meu canto não admiravam!

Mas, Eu cantava apenas para você,

Que do outro lado do muro

Quietinha e me amando, ainda mais,

Em prantos me escutava.

O meu canto era triste

Pois não tinha coragem de você me aproximar

E o meu doce Amor lhe declarar,

Em desespero, lançava aos ares,

Canções direcionadas, que sem saber,

O seu coração vinha envolver

E faziam você, comigo, a noite sonhar.

Mas o covarde prefere se retirar

E nem pensa que pode perder,

Mas pelo que quer, tem que lutar!

Não. Preferi me afastar

Deixando para trás, um mundo de sonhos,

Que hoje em ternuras, poderíamos,

Docemente, estar a desfrutar.

Lá, para Rio Pardo,

De novo Eu queria voltar, mas,

Para quê? Seria inútil,

Pois sei que não vou mais lhe encontrar!

A muito, meu canto cessou,

E Eu vivo de lembranças,

Há tempos, perdi minha alegria,

E a encantadora jovenzinha,

Filha de Maria.

Elio Moreira
Enviado por Elio Moreira em 19/01/2009
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