FILHA DE MARIA
Lá, longe daqui,
Em minha querida Rio Pardo
Eu fazia versos
E Eu mesmo cantava!
À tardinha, quando o sol entrava,
Eu abria o peito, e os vizinhos,
Com minhas canções, Eu atormentava!
Alguns deles, que de mim não gostavam,
Muitas vezes pedras me jogavam
Para que parasse, pois Eles, insensíveis,
O meu canto não admiravam!
Mas, Eu cantava apenas para você,
Que do outro lado do muro
Quietinha e me amando, ainda mais,
Em prantos me escutava.
O meu canto era triste
Pois não tinha coragem de você me aproximar
E o meu doce Amor lhe declarar,
Em desespero, lançava aos ares,
Canções direcionadas, que sem saber,
O seu coração vinha envolver
E faziam você, comigo, a noite sonhar.
Mas o covarde prefere se retirar
E nem pensa que pode perder,
Mas pelo que quer, tem que lutar!
Não. Preferi me afastar
Deixando para trás, um mundo de sonhos,
Que hoje em ternuras, poderíamos,
Docemente, estar a desfrutar.
Lá, para Rio Pardo,
De novo Eu queria voltar, mas,
Para quê? Seria inútil,
Pois sei que não vou mais lhe encontrar!
A muito, meu canto cessou,
E Eu vivo de lembranças,
Há tempos, perdi minha alegria,
E a encantadora jovenzinha,
Filha de Maria.