Inquietude

Uma inquietação na alma, o corpo treme, as mãos vascilam... Sexta-feira santa e o inferno queima minhas percepções numa agonia excruciante. Não sei o que pensar e o pensamento disperso não sinaliza um horizonte. Aproximo-me do teclado amedrontada. Não sei o quê as palavras podem denunciar quando as emoções ventam forte e o dia se perde num redemoinho de horas secas em busca de uma nova fonte... Talvez escrever purgue o desespero que ofusca o olhar para realidade e discipline o veú das palavras que se perdem e teimam em escrever no corpo indefinidas margens. Por quê? Sou cruz., sou corpo, sou ressurreição e ceticismo. As janelas do prédio da frente se acendem tímidas, luzes dos que restaram de viagens e bagagens. Quase uma empena cega erguida numa calçada vazia. A rua ressuscita na paz celestial dos passos ausentes e os sons distanciados murmuram uma melancólica oração.

Uma inquietação na alma...

Helena Sut
Enviado por Helena Sut em 14/04/2006
Reeditado em 14/04/2006
Código do texto: T139167