ERA O AMOR?

Minha maior alegria,

Se deu numa festa de momo,

Lembrar daquela folia,

Faz renascerem meus sonhos,

Estou chegando e outros saindo,

E nessa confraternização,

Torna o carnaval mais lindo.

Máscara negra e colombina

Fantasias com perfeição,

Foliões jogando serpentina,

Pulando dentro do salão.

Nessa época, clubes ornamentados

Camisinha não fazia parte desse rol,

Todos se amavam e se respeitavam,

Dançando tal cultura tradicional,

No clube Operário e no Lítero Municipal.

Todo o salão cantava: "Vem cá seu guarda,

Bota prá fora esse moço, Está no salão brincando,

Com pó de mico no bolso..."

Harmonia e disposição,

A marchinha entoada, coitado de mim nem imaginava,

Que um cupido iria flexar meu coração.

Fevereiro de mil novecentos e setenta e sete,

Numa magia crepuscular, apresentaram-me ao cupido,

Que pousou em mim o seu olhar.

Suavidade em sua voz, meu ser flutuou no espaço,

Tão leve como a pluma de um pássaro,

Disseste o nome, com tom quase baixo,

Com olhar bastante resplandecente,

Irradiante como raios da lua,

Embora não tendo luz própria,

Iluminava, enaltecia...

Toda suavidade sua.

Estrutura não era das mais belas,

Nem tanta formosura exterior, mas toda sua radiação,

Desbrochava do íntimo, do seu interior.

Sorriso espontâneo, firme momento, tão tímida, que

Não consegui, ler um pouquinho, o seu pensamento,

Meus movimentos involuntários, sístole e diástole,

Batiam exitados, desgovernados,

Estendeu-me sua mão... Um leve aperto "Muito prazer"

Ambos encabulados.