Ontem...

Hoje quero falar de mágoa, de tudo que magoa um coração.

Hoje quero falar de dor, da indizível dor que acomete a alma daqueles que sofrem por amor.

Hoje quero falar de ressentimento, daquele leve desconforto que sentimos, quando esperamos o que não acontece, ou quando fomos machucados por palavras ferinas, atitudes impensadas ou até maquinadas por aqueles que não guardam por nós nenhum tipo de sentimento, a não ser, indiferença.

Hoje quero falar de falta de consideração, o adubo do ressentimento.

Que por sua vez, faz brotar a mágoa.

Hoje quero falar de frustração, aquela que nasce dos planos desfeitos, das esperanças perdidas, da falta de concretização de projetos confeccionados de esperança, esforço e fé.

Hoje quero falar de perda, perda esta que machuca por dentro e aperta o coração, que nos prende a respiração e faz querer morrer.

Dor, de se perder alguém querido, um amor, um amigo, um pedaço do coração.

E a falta, ah! A falta que faz olhar e não ver, ou até mesmo ver aquilo que faz lembrar quem partiu.

E a saudade, que aos poucos se transforma em recordação.

Hoje quero falar de saudade, palavra que ao ser pronunciada, leva diretamente ao passado, como uma máquina do tempo, que nos transporta quase que imediatamente a terra dos sonhos, e faz recordar o que passou, como se estivéssemos olhando nossa vida passar pela janela de um trem em movimento.

Saudade de um tempo que não volta mais, quando achávamos que era possível voar se saltássemos de cima dum muro, ou acreditávamos que a lua era feita de queijo, que existia um pote de ouro no fim do arco íris, e que nossos pais tinham uma identidade secreta, e ao menor sinal de problemas, eles se transformavam em super-heróis e nos salvavam dos monstros que moravam debaixo da cama, ou dentro do armário.

Tempo este que nos fazia acreditar que ainda existia amor, e que se podia confiar cegamente naquele que lhe segurava a mão pequena e frágil.

Se ao menos pudesse voltar no tempo e não deixar você ir embora, seguraria sua mão com toda força, subiria em seus pés para andar com seus passos e dormiria em seus braços abarrotada de perguntas para as quais você sempre tinha respostas.

Então hoje, eu não falaria mais de mágoa, e talvez acreditaria, que poderia confiar de novo , pois você não deixaria que nada, nem ninguém me machucasse, e assim não falaria mais de dor, nem guardaria ressentimento, porque não saberia o que é falta de consideração, nem frustração , nem perda, nem saudade.

E ainda restaria em mim, um pouquinho da generosidade que me ensinou a oferecer, da confiança que me ensinou a depositar, da fé que me ensinou a cultivar e quem sabe até do amor que de várias formas me ensinou a doar, sem pedir nada em troca, pois você nunca exigiu, nem cobrou preço algum por exageradamente e incondicionalmente me amar...

Para meu pai,

Exemplo de

bondade e respeito,

do que o verdadeiro

amor é capaz.

Karina Volpi
Enviado por Karina Volpi em 17/01/2009
Código do texto: T1389359
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