Sublimação

Sublimação

As ruas,

cruzadas pernas

desfazendo alinhavo

nas mangas novembro:

desiludido maneta

não tem mais verso.

Mas cochicham

ao longe palmas

guarnecidas de toco:

tem poesia.

De que então se ascenderia

inebriado coração, se não

num aconchego alfabético

mugir da vida?

Nalguma fugaz versão

de peça tão famosa

que não se sabe o nome,

mas continua estória?

Calam-se os lábios

Da invocação do outro,

Na inconstância do onírico

Que não cabe no papel.

Gauto
Enviado por Gauto em 13/04/2006
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