Angustiante... ou Feliz Ano Novo!

É angustiante!?

É sim, tudo é angustiante. A vida é. Nascer é. Quase na hora do gozo é. Morrer é? Acho que não.

Danou-se, não tem jeito, vamos cumprir a "doce tragédia", (eu ainda estou procurando o doce que a gata comeu, passando pelo "jardim das delícias"). Em alguns momentos a vida pode ser angustiosamente deliciosa, mesmo na sua doce acidez de espinhos e vicioso traço serpentino.

É angustiante a fome sem ter o que comer, sentir sede e não ter nemuma gota de chuva ou beber e continuar sentindo sede.

É angustiante a distância? É sim. Como quando um músculo se distende e se comprimi feito cãimbra. Angustia e dói, e se quer alívio para isso que é viver.

É angustiante estar num emprego que se não gosta e é tão angustiante ou mais quanto estar sem emprego e cheio de trabalho.

É angustiante não ser-se e é angustiante ser o SI de si mesmo.. É angustiante não ter chance, não ter vez, não estar na vez, nãoterespaço e ter que respirar como quando se está para nascer e num átimo não se consegue e se fica roxo-roxo roxinho-roxinho assim ser ar à beira do escuro, quase sentindo o alívio de morrer sem nem nascer, mas angustiosamente então se nasce como quando quase se se afoga e então vem a onda de longe, do fundo e traz à tona num só galope o fôlego... Cavalo de vento a vida. Crina de ar.

É angustiante tentar dizer e não conseguir, ter medo e não entender e não ter as respostas, procurar e não achar. É angustiante o corte e o depois. É angustiante sangrar.

É angustiante esperar um filho dentro do corpo e esperar para vê-lo, mas logo perdê-lo (ou para a distância ou para a morte). É angustiante para um filho ficar dentro da quentura do ventre da mãe e perdê-la para o mundo (para tudo e todos ou para a morte).

É angustiante amar e sentir a exigência de se ser amado e não o ser.

É angustiante esperar perder um amigo por causa de tanta "doçura no sangue", e se perde.

É angustiante perder um grande amor pelo direito de este não (querer mais) amar.

É angustiante estar a frente do passo.

É angustiante querer pegar, possuir, reter, e a "coisa" lhe escapa, esvai de tão frágil, fugaz que é.

Eu mesma me angustio de mim, eu se me escapo, vivo a me escorregar.

***

Quero fazer dessa angustia, no mínimo, combustível para criação, seguir em frente com ímpeto, mas também com suave delicadeza e muito menos tragicidade. Eu me desejo isso, assim. E para você também.

Feliz Ano Novo!

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 14/01/2009
Reeditado em 14/01/2009
Código do texto: T1384591