VERÕES

Um pouco de saudade do ninho original, ao tempo de sol forte, a Praia do Laranjal, em Pelotas. Em todos os verões, sempre acho que estou na Lagoa dos Patos, salgando o olfato. Memórias de camarões, tainhas e corvinas. E o ronco do bote a caminho da Ilha da Feitoria faz tuc-tuc-tuc-tuc... Os ventos marinhos de hoje, em Torres, rodeando cercas de proibição na Ilha dos Lobos, soluçam nas rugas memoriais. Mas o que dói mesmo é o sal nos olhos: pelas sereias de ontem e os afoitos que mudaram de plano espiritual. O barco do Rio Profundo nunca faz barulho.

– Do LIVRO DOS AFETOS, 2005/2009.

http://recantodasletras.uol.com.br/prosapoetica/1382240