Vida urbana
Passas pela rua,
Teu rosto de osso e carne
Já não impressiona
Os rostos, hoje, são de concreto
Como de contreto
São nossas árvores
Já não correm
Nem sangue, nem seiva
Pelos corpos vivos
Mas um líquido gélido
Estamos de tal forma
Integrados ao concreto
Que basta olhar com um raio X
As imensas obras concretas
Já não há sofrimento
Tudo é concreto
E teu rosto de osso e carne
É tão impassível
Quanto o concreto