decanto de um coração selvagem
o meu amor leva os olhos tristes dos naufrágios
ele veste a túnica dos celibatos em véspera
é um descompasso nas batidas de asas
é uma dança vagando lumes e queimando o peito
um frio na espinha que percorre dois mundos
uma vastidão de anseios que me desfloram
o meu amor é um cântico antigo
duas asas douradas postas em avesso
uma base de palavras surreais em riso
dois olhos que vagueiam dentro dos meus
um grito emudecido nas cavernas das paixões
o meu amor me faz vibrar além do além
é uma parte desmembrada de minha vida
uma corrida selvagem entre buscas de mãos
um abismo que resvala a carne ao encontro de si
uma alegria posta entre os espinhos das rosas
um doce veneno que me consome a vida
uma chama acesa no labirinto de minha alma
paris,2009