OS OLHOS DE MINHA MÃE

E quando retornei que olhei nos olhos dela,

Vi um olhar tênue, sem brio...

Minha mãe assim era:

Forte,

destemida,

desarmava cangaceiro,

prendia cobra nos pés,

Domava vaca parida, entre outros papéis...

Nos meus dias de infância,

dentre muitas madrugadas,

Mamãe estava acordada,

pondo à mesa, a coalhada.

E, em tudo que fazia,

havia destreza em suas mãos... Até mesmo

A farda à minha escola, ela plissava com emoção...

Guerreira de luz...

A meu ver, um refratário no calor do sertão,

A sua pele ao sol era como um camarão.

E tudo se fazia condizente com a minha mãe presente... Mas o destino levou-me pra longe dela. E quando retornei aos braços seus, já não a vi destemida e tão bela...

O seu olhar, eu via triste;

há dias temia a morte,

debruçada na janela.

O destino pusera uma cruz nos ombros seus,

Crucificada estava a sua sorte...

Minha mãe, que aos olhos de sua filha,

Outrora, a mais insigne poesia

aos poucos se desfazia.

Mas vive no paraíso silencioso dos mares paradisíacos que faz o céu verdejade...

(Áurea de Luz)

Aurea de Luz
Enviado por Aurea de Luz em 11/01/2009
Reeditado em 05/08/2018
Código do texto: T1379363
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