OS OLHOS DE MINHA MÃE
E quando retornei que olhei nos olhos dela,
Vi um olhar tênue, sem brio...
Minha mãe assim era:
Forte,
destemida,
desarmava cangaceiro,
prendia cobra nos pés,
Domava vaca parida, entre outros papéis...
Nos meus dias de infância,
dentre muitas madrugadas,
Mamãe estava acordada,
pondo à mesa, a coalhada.
E, em tudo que fazia,
havia destreza em suas mãos... Até mesmo
A farda à minha escola, ela plissava com emoção...
Guerreira de luz...
A meu ver, um refratário no calor do sertão,
A sua pele ao sol era como um camarão.
E tudo se fazia condizente com a minha mãe presente... Mas o destino levou-me pra longe dela. E quando retornei aos braços seus, já não a vi destemida e tão bela...
O seu olhar, eu via triste;
há dias temia a morte,
debruçada na janela.
O destino pusera uma cruz nos ombros seus,
Crucificada estava a sua sorte...
Minha mãe, que aos olhos de sua filha,
Outrora, a mais insigne poesia
aos poucos se desfazia.
Mas vive no paraíso silencioso dos mares paradisíacos que faz o céu verdejade...
(Áurea de Luz)