Título é obrigatório

Se não fui mau, nem destrui um castelo sequer;

Se não montei em cavalos e nem engoli bichinhos indefesos;

Se não vomitei num banquete de casamento e nem na montanha mais alta rezei,

então porque estou aqui?

E se, também, nunca lavei latrinas

ou escutei o vento da madrugada (porque estava dormindo),

e agora jogado nesse lixo, tentando

ver flores e se não consigo, e se não tento...

porque estou aqui?!!

E se houvesse alguém me acompanhando?

Bom, que diria eu pra essa pessoa?

Talvez nada, pois ela não existe.

E você que me escuta, vem cá então..

Vem imaginar como seria viver num tipo de submundo

É só que teríamos que comer ratos.

Não é tão feio. E se tivermos que tomar banho

na água do banho de outros?

E daí, se é só acostumar-se a isso?

Mas não quero ser escorpião!

Nem mesmo um pequenino louva-deus!

Nem mesmo uma lagarta que vive pouco

ou uma borboleta que morre no primeiro dia

E se não há então, uma figurinha qualquer

para que se tome por exemplo bom,

ser humano é suficiente?

E se não desejo nem mesmo isso?

Para entrar e sair do útero,

a porta é a mesma.

E se trocar de útero nem mesmo é concebível,

só resta mesmo sobreviver,

pois que, seria bom ser jardineiro ao amanhecer,

vagabundo pela tarde quente

e um ouvinte-cantor pela noite afora...

Mas moramos num esgoto,

só nos resta champagne e lodo para saciar a sede.

Uma sede que não tem fim

e nela reside toda essa esperança.

Mas se é o que temos,

servilmente solitários sigamos,

sempre sentindo suaves/sensíveis saudades senis...

César Piscis
Enviado por César Piscis em 10/01/2009
Código do texto: T1378133
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