MEU PORTO, MEU OLHAR

Triste ver que muitos têm olhos embaçados para a vida. Embaçados para si mesmos. E de repente cruzam as nossas vidas, deixando-nos por instantes com o mesmo olhar vazio. De tristeza, de aturdimento diante tanta insatisfação e egoísmo. Palavras, palavras, palavras. Nem sempre elas me bastam. Talvez seja meu grito mudo, que fala de um mundo que desejo.

Tão distante da realidade é o que sinto, que me sinto só. Não uma solidão desamparada, mas distante de tantas coisas. Tão difícil romper a dureza dos corações...tão fácil ver o egocentrismo substituindo as relações delicadas e respeitosas. De que reclamamos se não somos coerentes? Se pedimos paz e agredimos as pessoas? Onde está Deus dentro de nós? Onde foi parar minha voz?

Tudo neste momento é penumbra, exceto algo em mim que me aquece. Um calor brando, reconfortante e que me deixa os pés distantes do chão. Tudo em mim é tanto e tão pouco, que não sei se um dia terei forças para alcançar o cais do porto.

Não é descrença, é a distância do que sou daquilo que desejo. Longe o barco da paz desejada, da comunhão idealizada, dos meus desejos nada secretos. Comunhão, simples e nada mais. Não é tão pouco e muito o meu sonhar?

Hoje reconheço tristemente, o porto tão longe do meu olhar.

07/12/2005