Olhos de Maysa
Olhos de Maysa
Vivo toda inquietude espelhada nos olhos de Maysa, aquela sensação profunda, indecifrável, imprecisa.
Uma vontade infinita de querer sempre mais, de nunca conseguir ancorar em nenhum cais.
Nada é demais, nada satisfaz, instantaneamente qualquer desejo se desfaz.
Mora em mim uma guerra constante que jamais alcança a paz;
Quero tudo e tudo é pouco, talvez seja o único são neste mundo louco onde as pessoas se aprisionam em barreiras que elas mesmas constroem, se podam, se limitam, se mascaram e se anulam.
Encarceradas em prisões de costumes e regras obsoletas, morrem lagartas sem arriscar ousarem ser borboletas.
Viver livre, ser nômade e sem endereço, tem um preço que as pessoas sequer se permitem cotar, fechadas em seus casulos funcionais desconhecem o verdadeiro sentido de amar.
Amar requer doação, ilimitada paixão, resistência a dor e aos espinhos, ousadia para buscar sempre novos caminhos, sabedoria para perdoar e se perdoar, coragem para permitir se perder e lentamente se reencontrar, compreender que o desejo é uma chama fugaz e o apetite do corpo & da alma é ilimitadamente voraz.
Esse olhar mutante que muda de cor e forma a cada instante, sempre vislumbra o que há adiante com a infinita sede do volúvel e insaciável amante.
O presente vira passado em um segundo e é preciso acompanhar a velocidade do mundo para não ficar para trás, pois não existem fronteiras e à frente há sempre mais e mais ...
Leonardo Andrade