Um Jeito diferente de brindar o Ano Novo

Um céu chuvoso escorria as lágrimas de Deus sobre a terra...

Sob as mansões, resguardados, ouvia-se o tilintar de taças

E o borbulhar do champagne saboreado pelos convivas.

Emitiam-se os gritos de alvíssaras para o ano novo

Sorrisos de espuma e olhos brilhantes de euforia etílica...

Do lado de lá na mesma cidade

Points lotados,

Trajes brancos por toda a parte

Oferendas à Iemanjá aguardavam nas areias da praia...

Antes que se fizesse meia noite

Fogos explodiram no céu

Multicores

Em cascatas

Caprichosos desenhos

Brilhantes e efêmeros

Como a alegria falsa da embriagues

Alguns se dispunham em gestos contritos

De reverência, fé e oração

Muitos sorrisos e abraços

Com desejos quase sempre sinceros de um ano novo bom

Em algum lugar, perto dali,

Quase à meia noite, alguém se conectava

Com as energias sublimes do universo

Mentalizando miríades de estrelas descendo à terra

Trazendo harmoniosa paz

Um beijo de Deus

Num desejo legítimo de que as criaturas

Se amassem enfim, se entendessem.

E por amarem-se mitigassem a fome e a sede

Dos sofredores e aflitos desse mundo

Essa pessoa não estava só

Em vários pontos da cidade e do planeta

Um exército de criaturas anônimas

Laboravam no mesmo intento

E o rugir dos fogos tornou-se fugidio aos seus ouvidos

Porque a alma conectada à infinita luz

Desliga-se parcialmente da materialidade

Para usufruir de paz profunda

E alegria íntima

No caminho insondável do coração

Para sentir-se parte integrante do Universo e de seu Criador!