Estrelinhas sem luz(terceira parte)
As Estrelinhas ficaram a vibrar ainda mais depois de terem feito o pacto com o tio.
Deixaram-no a escrever o livro com desenhos e cores e foram para casa fazer a escolha dos brinquedos.
─ O tio não se pode esquecer da cor verde, ─ disse uma das Estrelinhas muito concentrada. ─ é a minha cor preferida.
─ As minhas são a cor-de-rosa e a cor de laranja ─ disse a outra, não tirando os olhos da boneca que estava a colocar na caixa, quase cheia de brinquedos, com o rosto triste e a voz tremelicante.
─ Sabes mana, tenho pena de dar estes brinquedos. Gosto tanto deles!
E abraçava uma das suas bonequinhas preferidas.
─ Vou-te confessar uma coisa, ─ dizia a outra ─ também tenho pena, mas a avó está sempre a falar na palavra partilha e seria egoísmo da nossa parte ter-mos tantos brinquedos e não os partilharmos com quem não tem nenhum. O amiguinho imaginário também tem que descansar e depois, as outras estrelinhas ficarão tão felizes!..
─ Exactamente mana, e tive uma ideia genial!
─ Conta, conta!
─ Podíamos falar com os nossos primos e amigos e se todos contribuírem, poderíamos visitar mais Estrelinhas.
─ Grande ideia! ─ anuiu a primeira, saltando de contente.
Enquanto as Estrelinhas andavam numa roda-viva, o tio procurava encontrar uma maneira adequada de satisfazer o pedido delas. Como poderia ele dizer certas coisas aos pais, verdades simples que eles precisavam de saber, sem os molestar e de modo a fazer com que na alma de cada um, um novo entendimento os fizesse proceder de forma correcta para com os filhos.
Numa simples frase poderia dizer tudo, mas nem todos se dão conta que é nas coisas simples, que está a magia da vida.
Silenciosamente, radiante, o lápis bailava entre os seus dedos dando vida à folha branca.
Desenhou umas estrelinhas a brilhar e outras apagadas, a seguir o arco-íris sobre o mar e por fim uma família.
Naquele pequeno livro ele mandava um recado. Não era difícil de decifrar…restava ao homem ter a sabedoria e o discernimento de saber celebrar a alegria.
Depois de terem tudo prontinho, desceram à terra com a lua, mas desta vez não vieram só as Estrelinhas; juntamente com elas muitas outras estrelinhas e cada uma, trazia um saco às costas.
Visitaram muitas casas, deixaram brinquedos, roupas e o livrinho mágico.
O tio de cima de uma nuvem observava e sorria.
O sorriso de uma criança é a esperança do amanhã.
As Estrelinhas regressaram a casa cansadinhas, mas felizes, e saltaram para a caminha, fechando logo os olhinhos brilhantes: uma nova manhã nascia.
O dia acordou branquinho e frio, mas as casas aqueciam com o calor dos corações, pais e filhos entrelaçados pela chama do Amor.
─ Estou a brilhar! ─ gritou uma estrelinha.
E no seu sonhar as Estrelinhas viram que se iam juntando a ela muitas e muitas mais estrelinhas.