Vínculos do (m)ar
Abrem-se avenidas ao olhar, estas avenidas pelo fim da tarde, uma marginal até ao mar, plátanos enunciam a noite e a solidão enevoada no areal.
Vou ficar, vou ficar aqui, ficar com o vento no toque dos lábios, amar o vento e as suas pálpebras.
Não dizer nada, nem ao meu diálogo, não dizer, olhar - apenas.
Escrever para dentro, ler dentro, deslizar os dedos no exterior de mim, deslizar como se houvesse corredores no sangue. E fossem as aves. E fosse o areal as veias. E me perguntassem pelo nome, não haver outro nome ou lábios ou árvores ou noite - dissolução à hora exacta onde passa o vento. Aquela áurea.
Assim:
sem identidade, velando as aves pelas arestas do ar.
Assim: outros esses lábios na vibração da pele, com essas outras aves nos vínculos do mar.