DE AMOR E SAUDADES...
DE AMOR E SAUDADES...
Paro de respirar, por instantes... Tento, com meu
absoluto silêncio, ouvir o som da tua voz nas estrelas,
nos raios do luar, quem sabe no sussurro da brisa,
no sibilar do vento nas flores e folhas...Não ouço e me
sinto o ser mais só, do universo, mesmo sentindo que
te trago dentro de mim, porque não posso tocar - te, e
teu cheiro, apenas aspirar, intensamente, na minha
imaginação, assim como nela, também posso beijar - te
com toda a fome que tua ausência me desperta, sugando
teus lábios, tua boca, como se dela, absorvesse a seiva
que ainda me mantem em condições de sonhar, de mesmo
sentindo a quase total ausência da luz, vislumbrar algo
de esperança num futuro que tão obscuro me parece...
Porque sei que não estarás lá... Nossos sentimentos não
convergirão nunca, somos muito diferentes, nunca me irás
amar e nossos caminhos seguirão em paralelas, para a
eternidade, sem que saibas, jamais, o quanto te amo, o
quanto te sonho nem quantas noites insones já passei,
vendo a lua baixar no céu e as estrelas sumirem na claridade,
através de um véu de lágrimas, murmurando teu nome,
como se me pudesses ouvir e, por um sortilégio dos deuses
dos amores, surgisses ao meu lado, sussurrando amor...
Muitas, ainda, sem conta, acontecerão, mas sempre que
me vires, que superficialmente nos falarmos, apenas verás,
nos meus lábios, um sorriso, ainda que, dele, jamais haja
reflexos no meu olhar...
Mas tu nunca te aperceberás, disso...
E alço meu voo sem direção e sem paz, nas asas impalpáveis
do vento frio da madrugada, entre os aromas noturnos, os
sons soturnos, enquanto sorvo, da saudade, a invisível taça de fel...