Queixa

Pegou pesado

E sua língua de trapo,

De pano esfarrapado,

Dessolou o meu sapato;

Vim de peito inocente,

Todo meloso e contente...

O sol não se fez ciente

E o frio escuro latente

Daquela brasa ardida,

Tua boca maldita,

Passou despercebida

Quando cuja, a tal dita,

Fez-me cair a ficha.

Não deu tempo, de fato!

De queixas, conjugado

Está meu verbo, indiferente;

Por absurdos, agredida

A minh’alma geme

E chora... Chora demais até...

Até a confusão nela reinar,

Até o pranto dela ceifar

Da profunda cerne,

Do ínfimo amém,

Consumindo-se além

Com a vingança ao teu sangrar.

Bento Verissimo
Enviado por Bento Verissimo em 04/01/2009
Código do texto: T1367232
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