Minha menina

//With each bullet screams your name.//

E quantas noites seriam necessárias para conquistar um pedacinho de seu mundo? E quantas horas e mentiras teria que contar? Quantos goles, quantos tragos, quantos Valium? Quantas balas iriam se alojar no meu corpo?

Por treze dias deixei de lado meu futuro para voltar aos dias que habitava entre os meus. Vi minha antiga casa coberta de musgo e hera, vi meus amigos em elegantes mausoléus de mármore branco, adiei meus sonhos. Fui te ver minha menina, declamar Neruda, roubar um único beijo de teus lábios, e os digo doces lábios, à brisa do mar.

Neguei-me a razão, fiz o impensado e, mais, cometi um crime. Não pelo desejo momentâneo de te ter em meus braços, não pela inebriante sensação que proporciona, mas pela paz que transmites, pela confiança de tuas palavras.

Uma noite ao teu lado, apartado o carnal, mas dedicado aos ouvir tuas palavras. Logo depois dez dias de busca, e você, silêncio. Desejei ser mais que uma história a se contar, e se fosse uma história, que não a minha, por favor.

Minha menina, tiraste-me dos meus amados livros, por treze dias, levastes-me aos túmulos de meus amigos, aos restos de minha casa, ao que mais amei em minha vida, para, enfim, deixar-me na espera, na angústia do silêncio?

Volto à vida – minha vidinha medonha e tediosa – e deixo-te sem mágoa, apenas carrego lágrimas e um coração em pedaços.