E as Imagens

Pensava escrever com todas as sílabas que fixassem um sentido exacto, num dia, um dia fascinado para te erguer, sombra das palavras, tua flor dos lábios se espraia como o mar - e invento a luz naquele lugar,

noite despida. Vão pela insónia os vértices do lume e quem sabe lapidar a angústia num balanço último do que ficou por viver. Horas nos olhos estáticos, o átrio das veias sob um céu de campos - mais longe com a alma,

que dizer à solidão o seu contacto. Dos dedos, subtis. Do sentimento. Regresso a mim num desvio. Depois, a inevitável debilidade quotidiana, versos na língua - perante as arestas da melancolia,

desse encontro da água ao vidro em traços visíveis do real. Chove na visão do mundo, colunas líquidas e o arco de sombras errantes, o teu rosto no assédio das imagens quando – quando da orla dos caminhos invento a luz naquele lugar povoado do sonho.