Minha Filha: Poesia
Minha poesia suspira, eu apenas a escuto. Eu e a poesia somos duas almas distintas e distantes.
Nossos anseios se confrontam, raramente se coincidem.
A poesia, por mim concebida, não se iguala a mim. Não se parece com meus “botões”. Logo que a concebi, deixei-a seguir sua sorte.
As suas lamúrias, sua jovialidade incansável, seus segredos, além de todos seus gritos e outros caprichos, tudo isso percepções ou sensações dela.
Eu, mãe imperfeita, nem sempre fui sua cúmplice.
Quando eu suspiro, minha poesia já está longe. Ela, indiferente, viaja enquanto tento segui-la sem setas nem mapas.
Talvez um verso, o menor de todos eles, a poesia o deixe comigo.