E a Aurora

E não havia muito mais, muito mais por dizer naquela hora extrema, integral e única. Colher o silêncio na diáspora do vento, regressar aos nervos recônditos do que se sente, a emoção em frente aos lábios da noite como agulhas no sangue.

Lembro-me de tudo, até da memória, uma morada para habitar os espelhos percutidos pelos bosques do tempo. Não havia muito mais, só os ombros iluminados ou os olhos correndo as aves, depois as sombras sensíveis da madrugada deslizam por mim.

Essas aves na exultação da aurora.