com você, PELA PRIMEIRA VEZ
Foi combinado, programado, foi assim a primeira vez, saiu como deveria ser.Tudo praticamente o inverso dos versos que te enviei, um pouco errado, quem vai saber, certo de mais para uma noite de "tudo um pouco", noite intensa, noite verdadeiramente feliz. Como me alegrar no desconforto da vergonha, no intangível gosto do nervosismo, na intensidade interior dos meus desejos? Ter uma mulher para se apaixonar explica, mais ainda, justifica essa falta de rimas na nossa cantoria. Você lá, dos seus segredos, eu cá dos meus, em um cuidadoso trabalho de dar ouvidos, um ao outro, segredos por demais bandidos. É assim essa paixão que nasceu de repente, que grudou na mente de uma criança despreparada para uma fogueira tão cheia de chamas, de lume a cegar qualquer raciocínio mais lógico, qualquer procedimento menos carregado de loucuras. Não há dúvida, quando, longe de você, num sabor de corpo divido, muito mais por conta da tua ausência, não pela incerteza do calor de tua presença, aceito minha herança, ainda que futura. De tudo amei nessa cavalgada inexplicável, certo ou errado, em um passeio de sonhos pelas curvas das "covinhas" que me presenteias ao lado do teu sorriso. Lindo meu crepúsculo ao teu lado, linda valsa de um namoro inesquecível, seja por uma noite, seja por uma vida inteira. Hoje falo como criança que recebeu seu mais valioso e desejado brinquedo de natal, falo como o homem que dormiu sob seus afagos de mulher amante, muito mais, mulher parceira e compreensível. Minha mulher inteira de versos, já que personificada na maior de minhas poesias, aquela que não previ, herdei sem merecer, uma graça me deixada pelo inusitado da vida, pelos caprichos de um astro qualquer que fez vez de cupido. Entrego minhas lágrimas de contentamento a teus pés como parte de minha herança a você.