O medo do pensador

O medo do pensador

Todo pensador no abstrato refocila.

Das indiscretas, das serenas badaladas dos carrilhões, tira proveito...

Até da morte, da guerra, tira proveito; das pesadas perguntas e respostas impossíveis.

Tira proveito, é vacilante nas respostas, orgulhoso de suas perguntas:

quê? Como? Onde? Por quê?

E todo pensador quer perguntar às respostas, quer um ciclo vicioso.

Assim que reconhece uma resposta, pergunta, pergunta feliz...

Eis o maior medo do pensador:

é que teme, não as respostas; é que teme não reconhecê-las para continuar perguntando!

Do livro "Adágios e pensamentos Particulares"