PONTO DE EXCLAMAÇÃO
Foi assim que tudo aconteceu, de fato, como deveria ter acontecido, nem mais um ponto, nem mais uma vírgula. De que valem os sonetos apropriados, se no mais profundo da alma, bate uma verdade dissonante? Assim se fez o verso, das lágrimas do improviso, da composição, do sorriso e da sonoridade. São preciosas as cartas oferecidas, se no calor da simetria, perdia-se o encanto? Da sensibilidade, foi assim que a poesia veio, da inspiração, em meio ao frio da noite, sem a presunção do acontecido, sem desenhos arquitetados, sem passados dolorosos, sem futuro certo, foi assim que silenciou o grito. Mas não é história de embalar sarais, nem conto de se marcar em livros, é vida marcada, é paixão pura, é amor profundo, nisso não se há mentira, não há tempo, não há verdades nem desejos outros, mas momentos acontecidos. Foi assim que nasceu o mar de acalantos, do tudo, onde tudo se cobrou e nada se perdeu. O poema vive, enquanto inspira outros olhares, outras almas, por caminhos desconhecidos. O poema já não respeita dono, não tem autor nem registro que o identifique. Ele é soberano no coração de quem o guarda. Ele é musica que se canta baixinho. No poema não cabe o ódio, porque desmedido e disforme no encaixe. Não se pode esquecer a vida, do que passou ao presente incerto, porque o ar enche os pulmões, como o poema, os sonhos do poeta. O poema rege a sinfonia, onde músicos imitam os ventos, as flores, os astros e a sorte. O poema está e estará presente, de todas as formas e tamanhos, como herança de verdades não aceitas, ou aceitas pela metade, por olhares que o buscam. Foi assim que nada terminou, enquanto dedos ávidos saciaram-se nas letras, versos, poesias e poemas, a felicidade se eternizará nos autores, mesmo que neguem a verdade de um olhar. Aquele olhar que marcou o início
do ponto de exclamação.