Sina Vencida

Talvez não tenha o direito de te amar entre a voz deste mero

vazio que verte implacavelmente feroz neste meu silêncio e as

máscaras amargas que sabem tão bem disfarçar as nossas noites

de solidão que ainda têm tanto para sonhar...

O direito de amar se adquire após um exercício comprido e sofrido, regado a martírios, renúncias, frios e vazios que o tempo dissipa e o silêncio acalanta na solidão mais feroz e algoz, para vir aos poucos cobrir-nos do amor mais valioso e gostoso.

Talvez esse sonho que desencadeamos longe do universo nunca

irei alcançar, mas no meu coração você encontrou a sua moradia

depois de derrubar as muralhas da solidão naquela noite de

Verão, virando o fascínio da minha poesia e me acorrentando

com extrema maestria...

Já está ao seu alcance a realização desse sonho, basta que você se livre dos fantasmas que povoaram o seu sono e agora alce o vôo leve da águia ao encontro de quem amas. Lembre-se que a maior felicidade é saber que o coração reconhece um amor, qualquer que seja, quando o que mais nos faz sofrer é a ausência do maravilhoso sentimento do querer.

Talvez nunca possa te abraçar, te beijar nem te tocar, mas

entre as veias do tempo te alcançarei entre o manto da

escuridão e na incansável carícia do vento, gozando dessa

euforia e paixão causadas por a tua eterna presença que é a

minha mais insaciável sentença...

Quando se ama de verdade como pressinto esse teu amor puro e verdadeiro, a gente sente o abraço, mesmo que ele não seja dado de fato. A alma recebe o calor do afeto e todo o resto do corpo se manifesta no ato de sentir a energia que se despreende de dentro pra fora, desse amor circulando pelas veias e bombeando em festas o seu coração. Até o vento o traz a cada momento...

Talvez você não seja aquele que tanto procurei entre as ruínas

deste mundo sofrido e vazio, esse destino tão desejado que no

princípio me fez acreditar na predestinação... Duas vidas

nascidas, mas separadas para mais tarde serem seladas numa só

trilha!...

Só terás a resposta se deixar que teu corpo e tua mente compartilhem esse sentimento bonito e envolvente que a transcendem. Derrube de vez os ‘talvez’ e coloque no seu lugar a confiança e a certeza de que será capaz de vencer o vazio do medo e reunir os teus passos numa mesma caminhada rumo a tua completude. Tome atitude!

Talvez tudo não passe de um simples e lindo sonho, esse sonho

que enfeitiçou a pureza da minha alma e ressuscitou o inteiro

do meu corpo... Uma mera e vera sina proibida, predestinada a

ser para sempre esquecida.

Não há mais como fugir de nós mesmos, quando o destino nos uniu,

trazendo da eternidade a cobrança do resgate da nossa aliança, lá bem distante, numa vila pobre à beira mar, mas plena de esperanças, quando ainda éramos crianças. Coragem! Assuma! Rompa de vez com a sina e terás vencido a ruína da solidão. Não somos proibidos ao amor, mas sim, seus eternos prisioneiros.

Dueto: Salomé & Hilde

Nota: Inspirado na “Sina Proibida” da Salomé publicado no link:

http://www.diariodepoesias.com/visualizar.php?idt=1358868

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 30/12/2008
Reeditado em 30/12/2008
Código do texto: T1359435