ILAÇÕES...

o encontro das ondas na quebra mar

me carregam em devaneios receios

no balouçar fremente das águas revoltas...

idéias remotas incômodas de todos os tempos

encontro-desencontro-descompassos

reflexões que acalmam e incendeiam simultâneas

chamas tépidas mornas que queimam leve suave

aquecem antes de ferir gostosas de sentir

como uma feridinha que tiramos a casca para coçar

o que é tudo isso ? episódios de longo enredo

histórias a serem escritas intermináveis infindas

inúmeras personagens em cenários diferentes ...

de onde a melancolia as saudades de não sei de onde

o viés da visão nas coisas corriqueiras a sofrequidão

a necessidade desnecessária que me açoda e incomoda ?...

de onde e para onde irei por que me atormenta

se a dor não é apenas minha mas a mola que movimenta

a humanidade em seus eternos e intricados questionamentos ?...

bastaria comer e beber defecar fazer sexo e gozar sem questionar

andar à esmo e ao sabor das circunstâncias na tangência de mim

afinal, queira ou não, é o que ocorre nos dias que se sucedem à todos...

amanhã ou depois esse episódio mal escrito terá um fim inopinado

tal é o destino inexorável de cada mortal e que bem que assim seja

uma trégua entre atos onde ressurgiremos em novas vestes

aguço meus sentidos e aspiro as cores odores que a vida me dá

para sentir e me sentir que existo e me permito usufruir como bençãos

e a natureza tão dadivosa nos concede prazeres na degustação de tanto mel ...

o olhar se perde na imensidão desse céu de mistérios luzes e seres divinos meus pés registram o frescor das águas e os respingos em minha face distante sigo meus passos na areia e a minha mente vagueia e no corpo/farol que me abriga ...

rezo a reza aprendida e, retido no escafrando dessa armadura, sobrevivo aturdido com tantas emoções sentidas apreendidas nas sensações captadas trazidas e caminho lento absorto e teimoso nas cogitações da vida...