Teu rosto no meu...

No crepúsculo de cada passo, a cada anoitecer, te relembro no inteiro do meu ser, amaldiçoando nossa história, mas no fundo te amando como se fosses a única resposta a esta minha eterna trilha nesta vida que por vezes sinto perdida...

E eu que tanto te procuro entre as nuvens, brumas escuras ou chuvas de raios de sol, para poder aquecer-me desse frio que me consome e me corroem os ossos por dentro, sem ao menos um só aceno teu para incendiar o meu ser.

Procuro-te sem te conhecer, entre os rostos e corpos de estranhos, versos, vagabundos e moribundos, te imagino em cada anoitecer silenciosamente deitado ao meu lado, vagarosamente me olhando como se eu fosse o ultimo porto do teu querer...

Pois eu que me sinto um mendigo e um vagabundo implorando por um olhar, um sorriso ou uma mera palavra amiga que me acalantem os sonhos de um dia poder pousar meus lábios nos teus e ali receber o bálsamo que devolverá a minha vida tão perdida nos escombros da solidão.

Perco-te e te reencontro entre a alquimia dos sonhos e os laços da nossa realidade, tua magia me enfeitiçando e iluminando a minha insanidade até aquele momento donde nossos olhos de novo se cruzarão para reacender a paixão que jamais deixou de nos fortalecer...

É o que mais desejo que pela força e magnetismo do olhar possamos amalgamar nossos corpos, como nossas almas já se reencontraram e nossas vontades não escondem os anseios de que possam tornar de vez a loucura de um amor tão sofrido, na porta de entrada do paraíso.

Vislumbro-te nas minhas noites de solidão, te amo entre os lençóis da poesia descartando a minha sofreguidão nos véus desta utopia que nos leva por as areias do tempo rumo a esse segredo escondido nos versos que trocamos ao som do cântico do tempo...

E eu te vejo claramente desfilando aos meus olhos vestidos só de véus transparentes por onde posso não só ver a beleza da tua silhueta dançando, como os contornos de um corpo macio chamando pelo meu para se completar e nos saciar dos mais carinhosos e sensuais abraços.

Esvaneço-me nesses teus braços que ainda não foram meus, te esqueço por um momento para logo de novo te sentir no meu sangue, no meu peito e na minha alma que correm o perigo de deixar de ser minha para ser somente tua neste delírio do nosso amar.

E eu cresço no poder do amor, quando percebo os teus braços clamando pelos meus como a querer completar uma história real, num imaginário sensual, com seus misteriosos sinais que nos levaram um ao outro nessa busca desesperada de unir duas vidas sofridas, navegadas até o cais dos desejos e içada na certeza de uma poética paixão.

Dueto: Salomé & Hilde

“Nota: Inspirado na prosa “Teu Rosto” da Salomé ‘Eternamente e Simplesmente teu rosto” publicado no link:

http://www.diariodepoesias.com/visualizar.php?idt=1355857

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 28/12/2008
Reeditado em 28/12/2008
Código do texto: T1356108