"APENAS UM CAFÉ"


Os passarinhos cantavam...
pulavam de galho em galho,
como se tivessem combinado
para me fazer chorar.
E sentado naquele banco
frio da praça, não sei se...
magoado, triste ou desiludido,
eu não sabia o que me levou 
até ali, eu não sabia em que,
ou em quem eu pensava; eu só
sabia que os passarinhos...
perceberam, e que queriam
agradar-me, ou gozar da minha
cara.
Me levanto e saio a procura de 
nada, ou caminhando para 
lugar nenhum...eu paro num
bar onde pessoas cantam e 
divertem-se, todos bebem e
comemoram alguma coisa,
eu não queria beber, de que
adianta afogar as minhas 
mágoas em um copo de bebida
se no dia seguinte eu sofreria
muito mais.
No palco do bar alguém toca
uma guitarra, bem tocada
por sinal, eu fico a ouvir os
acordes, mas sem nada consumir,
então um garçom me pergunta
se desejo algo para beber ou comer,
eu um tanto envergonhado por
ocupar aquele espaço, sem dar
lucro algum para aquele
estabelecimento, peço apenas... 
um café.
Logo após, tomado por um desejo
estranho, caminho até o músico
que toca a guitarra, e peço para
eu cantar uma canção.
Começo a cantar sem nunca ter
subido num palco antes, e logo
na primeira parte da música; ouço
aplausos, e ao terminar de cantar,
a clientela toda pede bis! Eu sem
jeito acato o pedido, e canto outra
canção.
Tomado por uma força misteriosa,
eu já me sentia íntimo no palco, e
cantei várias canções.