RAZÃO OU EMOÇÃO?
E tinha uma faixa amarela naquele espaço. Todos sabiam seu real significado.
Indicava o sinal de alerta e nela o aviso: Não ultrapasse a margem de segurança.
Um pouco mais adiante se percebia outra faixa em tom de um vermelho vivo, essa significava perigo. Nela o aviso: Mantenha-se afastado.
Mas a sinalização aguça a curiosidade, atrai em vez de repelir e a teimosia é insistente, audaciosa, destemida.
A voz interior alarmada avisava sem cessar: É hora de parar! Chega! Não há mais reta, a estrada é sinuosa e em algum ponto vai se bifurcar e os caminhos serão cada vez mais desconhecidos. Para, ainda há tempo!
Surda a qualquer tipo de alerta e fascinada pela descoberta, continuava a caminhar. Achava-se senhora do destino, controladora de si, de tudo.
Seguia determinada, afinal de contas se desejasse parar, assim faria e retornaria ao seu ponto de partida, pois sempre teve o controle da situação.
Atravessou a faixa amarela firmemente. Seguia silenciosa, uma das suas características era falar pouco e observar muito. Nutria um mistério ou quem sabe guardava segredos do seu mundo secreto.
Muitos lhe viam, poucos lhe enxergavam...
E como lhe fora avisado, a estrada antes reta começou a ser desenhadas por curvas. Numa dessas curvas encontrou um ser encantador. Ele muito sutil aproximou-se e lhe sorrio de maneira sedutora. Ela assustou-se.
Ele então a cumprimentou e foi logo se apresentando e lhe perguntando: - Olá!Muito prazer, eu sou o SENTIMENTO, seu criado, ao seu dispor. Posso acompanhá-la?
Desconfiada (era de sua natureza ser desconfiada) esqueceu quem era, estava hipnotizada por aquele sorriso, o achou bastante interessante e pensou que seria agradável tê-lo como companhia. Ela lhe retribuiu um sorriso tímido e acenou com a cabeça afirmativamente.
O SENTIMENTO não se fez de rogado, tomou-lhe prontamente a mão, ela permitiu (quando quisesse a soltaria, tinha poder sobre si). Seguiram a estrada que cada vez tornava-se mais sinuosa.
Já caminhavam juntos há algum tempo. Descobriram afinidades, trocaram confidências, fizeram planos, estavam íntimos...
O SENTIMENTO a abraçou, ela permitiu. Como era adorável aquela sensação de cumplicidade. Nunca estivera tão feliz. Mais uma vez esqueceu quem era...
Chegaram à faixa vermelha e não se deram conta de que indicava a faixa de perigo.
Ela estava encantada com o SENTIMENTO e ele com sua impulsividade atravessou juntamente com ela aquela faixa. Ela já não ouvia, não enxergava, não percebia os limites... Estava absorta e completamente envolvida naquele abraço.
Todas as luzes acenderam, as sirenes alarmaram e quase que em desespero gritavam: - Não ultrapasse a faixa vermelha! Pare! Volta!
Tudo em vão...
O SENTIMENTO é sedutor, envolvente, destemido, ilimitado.
Ela apaixonou-se perdidamente por ele. Esqueceu quem era, se despiu de si e vestiu uma nova roupagem. Hoje ela é conhecida como EMOÇÃO.