Eu, Você e a Lua
Não, você não está enganado. Foi exatamente pra isso que te chamei. Quero quebrar as convenções, desviar da razão, enxurrar-me de ti. Passear no teu íntimo e liberar-te o meu. Entregar-me ao que pede o corpo que anseia por ti, procura-te em outros corpos numa ensandecida lascívia, sente o teu odor almiscarado no transpirar alheio. Quero sentir o roçar da tua barba por fazer em meu pescoço, como arranhando os pudores despudorados da menina mulher. Meus lábios almejam os teus para juntos sorverem-se lentamente como se para sempre. Mesmo que o sempre seja apenas uma vez, um instante, uma noite. O tempo não importa agora. Ele será protagonista depois, na minha dor já prevista. Não almejo o teu amor nem ofereço o meu. O que quero de ti, neste momento é o teu desejo. Saciar o meu, que é pungente, em cada passo que te afastas. Hoje, quando o dia virar noite e a lua descer para iluminar os amantes, estarei te aguardando. Esta noite, sou tua. Esta noite.